
Interrompendo os posts satíricos, críticos, bregas e engraçados, esta aí um post mais sentimental:
Ah, as aulas de quartas-feiras. Um ótimo motivo para eu abandonar a minha confortável cama. As aulas de estética, arte e comunicação são sempre revigorantes e inspiradoras, por mais que o estresse e o bloqueio insistam em me derrubar.
"Não sei se vocês já passaram, mas se não, com certeza vão passar pela experiência de reler um livro".
Sim. E concordo com o que o Zeca disse. Ao relermos um livro, a experiência parece completamente diferente da primeira vez em que o lemos. Isso se deve às mudanças. Mudanças de pensamento, de opinião, de olhar... É difícil explicar, até porque se trata de uma experiência subjetiva.
Mas na hora em que ele tocou nesse assunto eu me lembrei de quando a minha irmã começou a ler um certo livro que emprestei a ela. Sem dúvida o mais afetivo dos meus livros, O Encontro Marcado do Fernando Sabino. Ainda me recordo do que disse a ela, quando ela veio comentar o livro comigo:
- Que inveja. Nunca mais vou poder ler esse livro pela primeira vez novamente.
A primeira vez que eu li esse livro foi uma experiência inesquecível. O Encontro Marcado mudou a minha vida. Talvez tenha sido o único. Eu posso ter me emocionado com outros livros como Cem Anos de Solidão do García Marquez, mas O Encontro Marcado me emocionou de uma forma única.
Qualquer um pode se identificar, nem que seja apenas um pouquinho, com Eduardo Marciano, o protagonista. Ele não é um herói de grandes conquistas e realizações. É um sujeito comum com seus raros momentos de felicidade e constantes momentos de frustração. Acompanhamos sua vida desde a sua infância, até a sua desesperada vida adulta. Talvez por isso nos aproximemos tanto do personagem principal. Sentimos como se fôssemos pessoas que o conhecessem desde a infância. Eduardo é um homem comum, a metáfora da vida ordinária com breves momentos brilhantes. Uma pessoa com grande potencial e que por mais que não queira acaba o desperdiçando e vendo sua vida se esvair de um momento para o outro. Por isso a identificação é imediata. Sempre sentimos que estamos deixando a vida passar. Como se ela não caminhasse, mas corresse e nós fracos e cansados não tivéssemos o fôlego suficiente para alcançá-la.
Mais do que um livro, O Encontro Marcado faz parte do que eu sou. O primeiro livro que li do autor, depois viriam outras obras geniais O Menino no Espelho, O Outro Gume da Faca, O Homem Nu, Deixa O Alfredo Falar, A Cidade Vazia, Os Restos Mortais... Sabino vai sempre figurar na minha lista de prediletos.
Sempre na minha estante entre Graciliano e Machado, às vezes eu o tiro de lá apenas para abrir em uma página qualquer e ler algum trecho. Penso em um dia lê-lo novamente. Espero que isso ocorra de fato.
"De tudo ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes mesmo de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro."
Por Andrizy
Uma breve observação: Estes dois últimos deixaram este blog com cara de blog pessoal, não acham?
Um comentário:
Aê! A andrólise assinou o post dessa vez \o/
Sabino, i love you!
lindo post.
:*
Postar um comentário